Como o título sugere, hoje contarei sobre uma reforma no meu apartamento, mais especificamente, de um incidente hidráulico. Faziam aproximadamente 6 meses que eu havia casado, e estávamos “arrumando nosso ninho”. Depois de uma série de mudanças incluindo piso e um extenso trabalho de marcenaria, faltava um simples toque final: instalação de uma porta.
Importante lembrar aqui que todos meus fornecedores trabalham comigo há pelo menos 5 anos. Isso não é por acaso. O número de obras nesse tempo de colaboração com um grupo coeso de fornecedores permite a construção de laços de confiança. Para as pessoas que já se viram algum dia no meio (do caos) de uma reforma, fica bastante intuitivo entender a importância desses laços. Uma nova “linguagem” se estabelece e possibilita uma extrema eficácia nos curtos prazos previstos. Até o dia em que …não nos entendemos.
Neste dia fatídico, uma véspera de carnaval, saí rapidamente para ir a uma reunião, deixando em casa meu marido com as seguintes palavras: “fica tranquilo que hoje só vão instalar a porta. Coisa rápida, não se preocupe! Daqui a pouco volto!” No dia seguinte iríamos viajar para fora do país, então ele só balançou a cabeça, concordando, e me lembrou que ainda teríamos que arrumar as malas. Aproximadamente 1 hora após essa conversa, toda essa tranquilidade do meu discurso foi por água abaixo, literalmente! Após uns 2 minutos de barulho da furadeira, meu marido escutou alguns murmúrios que incluíam uma das mais indesejadas palavras a ser escutada em uma obra: água! Sim, um cano havia sido perfurado, mas este era só o começo do caos. Enquanto o marceneiro segurava a água tapando o buraco com o dedo, meu marido ligava insistentemente para meu celular. A bateria havia acabado, mas após uns 15 minutos, minha reunião havia terminado. Ao conectar o celular no carro, para minha surpresa, umas 30 ligações haviam sido feitas pelo meu marido. Quando escutei sua voz ao retornar as ligações, o tom já estava bem pesado.
Eles já haviam desligado todos os registros do apartamento, incluindo o registro geral, e nenhum cessou a saída de água pelo buraco. Ele nunca havia experienciado nada como aquilo. Tentando passar tranquilidade, eu disse exatamente isto: “(…)estou ligando agora para o encanador que está trabalhando comigo em outra obra e ele estará a caminho. Essa é a notícia boa. Mas tenho uma notícia ruim…a gasolina do carro está acabando e eu estou parada em um viaduto. Me deseje sorte!” Bom, eu não posso descrever aqui exatamente todas as palavras que ele falou, mas ele acabou me desejando boa sorte. Estava desesperado, não fazia a mínima ideia do que ele tinha que fazer. Por ser biólogo, digamos que canos nunca tinham sido uma preocupação para ele. Mas a partir desse dia, basta escutar uma furadeira e ele já está pensando aonde ficam as lojas de material de construção mais próximas. Mas a pior parte ainda está por vir. Quando consegui chegar em um posto de gasolina, o frentista me alertou que em função das fortes chuvas a bomba de gasolina não tinha energia para bombear. Enquanto isso, o encanador chegou e começou a avaliar a situação. Neste momento, o registro geral do prédio havia sido desligado. O encanador abriu um buraco na parede e descobriu que o cano perfurado era o da coluna central do prédio, responsável pela distribuição da água em todos os andares. No meio tempo, acabei encontrando um posto onde pude abastecer o carro e retornar para meu apartamento.
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